In my mind
Quando o perto é muito perto? Quanto de nós vai impresso na imagem que fazemos do outro? Quanto quero revelar do eu que há em mim? Por que somos sempre tão cheios de dúvidas? Por que tenho sempre um vazio a ser preenchido? Existe a hora certa?
Tempo.
Tudo muda. Só ele, só este, sabe correr sempre da mesma forma. Só ele, tempo, pode trazer as respostas que tanto procuro. Então é por ele que eu vou. Só por ele. Por um tempo que só chega pra dizer o que a gente não percebeu. Por um tempo que desenhe o meu destino. Porque hoje sou pergunta da cabeça aos pés.
_ In my mind
When close is too close? How much of us is printed in the image we do from others? How much of me I want to reveal? Why are we always so full of doubts? Why do I always have a void to be filled? Is there the right time?
Time.
Everything changes. Only time, just this, knows how to flow always the same way. Only time can bring the answers that I'm so looking for. So it's for it that I'm going. Just for it. For a time that gets just to say what we did not realize. For a time that draws my destiny. Because today I am questions from head to toe.
Filha da puta. Achou que sonhos eram pedaços de felicidade escondidos do outro lado e foi buscar. Dormiu e acordou com socos de realidade na cara.
_ Fragmentos Perdidos.
E agora? E quando mais um dia vem no mesmo lugar perdido e ela não se move? E se as ideias que borbulham dentro dela não acham lugar lá fora? Porque o relógio conta 24 mais uma vez e ela não escuta o tic tac, não anda com ele, não acha um caminho. Acha quem diz que tudo vai melhorar, que a vida não pode ser assim tão 8 ou 80, que a gente precisa enxergar o belo no que está em nossas mãos e que não é preciso pressa nem pressão. Acha quem se acomode, quem foge, quem não encara um coração, quem diz que sim sabendo que não... Não. ela não.
_ Um lugar perdido. Lá dentro. Tum tum tic tac.
Um vazio. O silêncio. A coragem. A vida fica esperando um impulso e às vezes não entendo o porque de tanta espera. Por que é tão difícil tomar uma decisão? Por que sempre dói quando a gente gosta de alguém? E por que a gente insiste em gostar? Qual é o meu problema? Qual é o seu? Falo o que penso sem pensar? Fico inquieta querendo que o hoje me dê a resposta do amanhã? Às vezes não entendo muita coisa.
Sei do meu silêncio, da minha vontade de dizer tudo com nada. E sei das minhas malditas palavras ditas. De você sei quase nada. E tenho um livro de perguntas. Quando é que você vai começar a ler minhas respostas?
Tem dias que eu não sei esperar.
_ Strong animals know when your hearts are weak.
A calma me apressa. É dezembro e tudo faz muito mais barulho, o dia passa muito mais depressa; eu me perco muito mais fácil. O mundo não acaba. Ainda não sei o que vai ser do depois, deixo solto a espera de respostas que soam mudas demais pro meu gritar. O desejo de me abrir é grande, mas a verdade é que o som sai em preto e branco e, como já dizia Mário Quintana, a maior dor do vento é não ser colorido. Dói.
Esse dezembro me assusta. Guardei com carinho mais um novembro bom e agora dá tudo errado. Está tudo errado. Volto de uma viagem especial com o pensamento claro, vejo pelo direito e pelo avesso e por ver tão certo e tão certa me sinto cega. Só num mundo de iguais. Eu me acolho perto daqueles que gosto e erro ao acreditar que, depois de uma vida juntos, eles entenderiam o eu que sou. Remo contra a corrente sonhando abrir estes olhos que amo e acabo por afasta-los de mim. Sou julgada, condenada e criticada por razões que não fazem sentido sob o meu olhar. Ninguém se preocupa ou tenta entender um eu diferente do seu. Fico então assim... Nasci anjo torto. Uma reticência. E sigo de coração aberto para acreditar na vida. Ainda que só.
_ All is wild. All is silent.
Um lugar cheio de lugares. Ali moravam uns outros e eu. Eu que andava sempre carregando sonhos. Eu que me perdia no mundo, me arriscava em caminhos desconhecidos e em algumas esquinas costumava deixar algum sonho. Não era nenhuma Chapeuzinho vermelho, nem Sininho, nem Rapunzel. Não era alguém importante. Mas meus sonhos eram grandes, maiores talvez do que eu pudesse carregar. Nem por isso eu era triste, tampouco seca. Era tranquila e tinha mania de abrir a janela toda manhã para conferir se o sol nascia sempre do mesmo lado. Eu tinha dúvidas. Dúvidas que carregava junto com meus sonhos. Não tinha segredos, não tinha limites e às vezes era complicado entender minha simplicidade.
Eu era o lugar. E em cada lugar eu era um novo eu.
Fui acumulando o gosto pela caminhada. Fui andando mais e me tornando mais. Fui calma e fui cada vez melhor. E assim, ia sendo o que vivia, um pedaço de cada chão, um pouco de cada um. Ia sendo eu e o mundo.
_ Era uma vez, o mundo.
Saudade. Outra que me leva. Outros que levam de mim.
Saudade é união desunida. Saudade sou eu sentindo antes do fim.
_ Esperança
A passos lentos. Abro os braços para a vida e deixo ela entrar em mim. Ela chega sem dó. Eu sambo. Ela dá um soco na cara. Eu rezo. Ela faz piada. Eu rio. Ela passa. Eu fico. A vida da gente é como o vento; não tem nome, não tem cor, mas você sente passar. Pode ser sopro que vem devagarinho. Pode ser furacão. Você pode às vezes nem perceber, mas uma coisa é certa. Quando você percebe, sabe que ela vai passar.
Então não paro. Sonho e voo cada vez mais alto. Canto cada vez melhor. Experimento e encaro sorte e azar. Posso até parecer confusa, e sou, é verdade. Mas se sou feliz assim, qual o problema dessa confusão? Aprendi uma coisa. Não é errado não saber aonde ir. Errado é ficar parado.
_ Reticências no meu caminho.
Eu não sei. Eu sinto saudade. E eu fico. Decido no escuro me perder mais uma vez nesse lugar. Não é hora de fugir. Tento o sossego, converso com um coração aflito, deixo leve o peso da indecisão. É preciso parar para ser feliz?
Meu caminho sempre foi meio perdido. Um eu cheio de sonhos, uma coragem pro novo, um rio sem direção. Sou um passageiro. O que me leva eu nem sempre sei, mas não paro.
Tic tac. Eu finjo ter calma. A solidão me apressa.
_ Passageiro
Quando a gente sabe a hora certa de tomar uma decisão? Quando a gente sabe que tomou a decisão certa? Quando o nada que a gente sabe vira alguma coisa?Eu voltei e continuo procurando a saída. Não reclamo. E sei que não é para ser triste. Talvez a vida queira me dar tempo. Mas por que está tão difícil escolher um caminho e seguir? Perdida de novo. Ser poeta, ser livre, ser um artista, ser um nada que é feliz, ser um tudo triste. Eu tenho um mundo na mão. O que dói tanto dentro de mim?
Dei a pausa que era preciso dar.
_ 100 dias.
A casa era grande e cheia de repartições. Ela gostava de entrar no quarto mais escuro e observar o feixe de luz que escapulia na janela semi tampada por aquela cortina estampada de borboletas. O banheiro era azul e tinha cheiro de vida. Na porta, uma plaquinha: Paraíso Molhado. Havia ainda um corredor que levava a uma porta grande e bem trancada. E quando ela tentava tirar o segredo dali só o silêncio falava. Era ali que tudo acontecia.
Passaram-se dias. Meses. Anos. Ela não contou para ninguém. Era só dela.
Era ela.
Volta e meia deixava, de propósito, alguma coisa sua ali e, quando voltava, ficava procurando onde estava. Mas aquela casa não obedecia regras e por isso ela nem sempre encontrava o que era seu. E foi assim que ela descobriu. Aquela casa, sua casa, era onde estava seu coração.
O que tem em qualquer um de nós quando as palavras nos faltam?
Ela não abriu aquela porta. Não precisava. Ela aprendeu a ler o silêncio.
_ Home.
Mar. Saudade. Vontade. Se ao menos eu pudesse voar... Faria um pouso na areia e te olharia do começo ao fim.
_ Rio.
Ela deixou o tempo passar lento. E nesse devagar, ele voou...
_ É. Foi.
Você fala alto o que não devia fazer sem pensar. Eu escrevo leve o que faço em pensamentos. Você demorou a voltar aqui. É que tudo passou tão logo que eu me perdi. Senti falta da calma que o escrever me traz. Mas você sabe bem que não parei.
Eu não vou parar nunca. Estou sempre a procura. Você espera demais. Escuta. É você. Sou eu.
Agora está confuso. E o ano está no fim.
Vamos começar de novo. Diferente? Valeu a pena?
Perguntas que movem o você que sou. E a gente mais uma vez atravessa cheio de dúvidas. O não saber pode ser bom. Pode ser sábio. Eu não sei. Eh, você nunca sabe. Então venha o que vier, contanto que seja inteiro..
_ Conversa comigo mesma.
dorboletas
cora são
mona brisa
soludão
escondiante.
Nem sempre me perco.
Às vezes só não quero ser encontrada.
_ ali. Atrás das palavras.
Mas eu sou um coração. Pulso devagar quando o dia pede para esperar. Disparo nas noites inesperadas de amor. Paro de emoção.
E é esse descompasso que me leva adiante.
_ Balanço.
Um dia, perdida com um lápis na mão, disparou a escrever tudo que ainda desejava viver. Foi indo, indo, indo e gastou toda a ponta. Releu. Percebeu. Mais gasto era o tempo que ali estava a perder. Ainda assim se foram mais umas horas pensando; passando. De que lhe adiantavam as listas, se ela não conseguia planejar? Para que desejar tanto? Para quem? Se não sabia quem era, como saber aonde ir?
E, sem saber onde vai o lá, ela chegou ali. Lembrou que se perdia quando se encontrava. Pôs-se a escrever memórias no meio daqueles desejos já escritos e, num presente cego, embaralhou passado e futuro. Seus passos seguiam um rumo só. Parou. Não queria mais perder tempo. Nem desperdiçar amor, nem mau humor de manhã, nem café sem açúcar e quando deu por si já estava de novo e de novo naquela lista de sonhos cadenciando feitos que soam certos demais pro seu batucar.
_ Eu e o tempo